Só quem está disposto a perder tem o direito de ganhar. Só o maduro é capaz da renúncia.
E só quem renuncia aceita provar o gosto da verdade, seja ela qual for.
O que está sempre por trás dos nossos dramas, desencontros e trambolhões existenciais é a representação simbólica ou alegórica
do impulso do ser humano para o amadurecimento.
A forma de amadurecer é viver. Viver é seguir impulsos até perceber, sentir, saber ou intuir a tendência de equilíbrio que está na raiz deles (impulsos). A pessoa é impelida para a aventura ou peripécia, como forma de se machucar para aprender, de cair para saber levantar-se e aprender a andar. É um determinismo biológico: para amadurecer há que viver (sofrer) as machucadelas da aventura e da peripécia existencial.
A solução de toda situação de impasse só se dá quando uma das partes aceita perder ou aceita renunciar (e perder ou renunciar não é igual, mas é muito parecido; é da mesma natureza). Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a
verdade de cada relação. E muitas vezes a verdade de cada relação pode estar na impossibilidade, por mais atração que exista. Como pode estar na possibilidade conflitiva, o que é sempre difícil de aceitar.
Só a renúncia no tempo certo devolve as pessoas a elas mesmas e só assim elas amadurecem e se preparam para os verdadeiros
encontros do amor, da vida e da morte. Só quem está disposto a perder consegue as vitórias legítimas.
Amadurecer acaba por se relacionar com a renúncia, não no sentido restrito da palavra (renúncia como abandono), porém no lato
(renúncia da onipotência e das formas possessivas do viver).
Viver é renunciar porque viver é optar e optar é renunciar.
Renunciar à onipotência e às hipóteses de felicidade completa, plenitude é tudo o que se aprende na vida, mas até se descobrir que a vida se constrói aos poucos, sobre os erros, sobre as renúncias, trocando o sonho e as ilusões pela construção do possível e do necessário, o ser humano muito erra e se embaraça, esbarra, agride, é agredido.
Eis a felicidade possível: compreender que construir a vida é renunciar a pedaços da felicidade para não renunciar ao sonho da
felicidade.
Artur da Távola
Olá minha querida amiga Alba!
ResponderExcluirExcelente texto do Távola! Descreve bem essa trajetória da vida onde somos postos em provas constantes e tomadas de decisões que implicam em perdas para obtermos ganhos variados. Perder nem sempre significa a perda do insubstituível ou do essencial para a vida. Significa adaptar-se, dar espaço às novas conquistas. E somente quando nos permitirmos correr riscos (que envolvem perdas naturais), alcançamos a compreensão do necessário para a sobrevivência. Felicidade é possível quando paramos de nos ater em detalhes confusos e passamos a enxergar o todo. No plano maior contemplamos a verdadeira felicidade essencial para a vida.
Grande beijo, minha rica e querida amiga!
Adorei!
Jackie
Alba
ResponderExcluirNossa, como eu queria que uma pessoa lesse isso viu? "Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a verdade de cada relação. "
A vida é assim, renúncias, escolhas, atalhos e saídas. O importante é arriscar sempre. Sem se importar com o resultado.
bjs
Olá querida Alba !!!
ResponderExcluirMaravilhoso texto do magnífico Artur da Távola !
A vida é assim, sem renúncias e até alguns sacrifícios não é possível alcançar algo maior !
Adorei ! Obrigada por compartilhar !!
Um enorme beijo !
É bem verdade que não estamos preparados para o lado negativo da vida, para os tombos, por isso, muitas vezes nos demoramos para levantar, alguns até nem levantam mais, mas o procedimento correto seria o da prevenção para os males que pudessem ser evitados o fossem e, quando acontecesse estivéssemos preparados.
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